quinta-feira, 17 de maio de 2012

Blogs maternos crescem na web

Troca de conselhos, dicas, experiências e receitas: tudo aquilo que as
mães de antigamente faziam pelo telefone, ou na porta da escola,
as mães de hoje fazem pela internet

Por Priscila Trevine


Blogs e sites com assuntos relacionados à maternidade, com o objetivo de tentar esclarecer dúvidas, bem como dar dicas e expor a vida e a troca de experiências, proliferam na web. O número exato de blogs e sites maternos é difícil de calcular, pois a cada dia surgem novas opções. Mas, em pesquisa realizada pelo portal “Comunique-se”, voltado para jornalistas, foi constatado que existem cerca de 600 blogs considerados de maior relevância, de acordo com a quantidade de acessos mensais. (o número de acessos necessários não foi revelado).Grupos maternos em redes sociais e blogs, de certa forma, substituem aquele bate papo entre pais e mães na porta da escola dos filhos, em praças e até mesmo no trabalho, locais onde antes se trocavam informações e experiências, e que vêm deixando de ser utilizados para este fim por conta da agitação da vida moderna.
Criado pela publicitária Fabiana Dezidério, o “Conversa de Mãe”, foi o primeiro Vlog do Brasil, em que os posts são feitos pequenos vídeos. “A proposta do vídeo é mostrar a nossa cara e ter uma conversa “olho no olho””, diz Fabiana.
Além de seu Vlog, Fabiana Dezidério também escreve para o “Crescendo com seu filho” (Fisher Price) e faz parte da equipe da Rede Mulher & Mãe, plataforma criada por Carolina Longo e seu pai Waltely Longo em 2005, que possui blog, TV e revista, com presença em mais de 155 maternidades espalhadas pelo País e que utiliza grupos em redes sociais como Facebook e Twitter para informar e aglutinar mães.


De um modo geral, os blogs maternos são utilizados como diários por mulheres que se sentem sozinhas e procuram pelo imediatismo da internet, uma vez que livros e revistas sobre o assunto são informações “de mão única”. O blog “Desconstruindo a mãe” da bióloga e mestre em educação pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Ingrid Strelow, reforça a ideia de blog “diário” e informativo. “Descobri que a troca de experiências, mais que um diário virtual, era um apoio emocional. Cada “blogueira” tem seu motivo. O meu é fazer um diário de bordo da minha vida como pessoa com muitas identidades: mãe, filha, mulher, estudante, trabalhadora”, explica.

Andrea Werner Bonoli, jornalista e gerente de conteúdo digital de uma empresa, autora do blogLagarta vira Pupa”, compartilha experiências vividas com seu filho Théo, portador de autismo, com o objetivo de informar e ajudar o maior número de pessoas possível. Andréa também divulga seu blog pelo Facebook e diz que seu crescimento deu-se pelo uso de redes sociais.  
Em sentido horário: Fabiana Dezidério e o filho Joaquim,
 Ingrid Strelow e os filhos Caio e Larissa, Gabriel Moraes
e Andréa Werner Bonoli com o filho Théo

Mas o que faz com que a blogosfera materna cresça tanto a cada dia? Segundo o psicólogo, pedagogo e psicopedagogo Mauricio Figueiredo, seres humanos tendem a buscar um “lugar para pertencer”, pois durante a vida sãoassumidos diferentes papéis sociais e ser mãe ou pai é um dos mais significativos. “Todo novo papel causa no ser humano uma sensação de incômodo, pois traz mudanças, e sempre que passamos por transformações necessitamos de referências. Por isso, acredito que a busca pelos blogs se dá no intuito das mulheres se apropriarem do papel de mães de forma socialmente adequada, ou seja, diminuindo riscos e ansiedades pertinentes às mudanças. Em grupo fortalecemos ideias, ideais e a nós mesmos”, diz Figueiredo.

Conciliar blog, família, trabalho e toda a rotina diária não é algo fácil. “Minha prioridade é estar em família, afinal de contas, se o blog fala de maternidade, ela tem de ser vivida, antes de mais nada”, diz Strelow. Já Dezidério, que possui a possibilidade de trabalhar home office, quando necessário, declara: “Conciliar trabalho e família é algo de um dia por vez”.

Entre a filantropia e a patologia



Além de funcionarem como diários, os blogs maternos e redes sociais também são utilizados para a realização de campanhas beneficentes, como nos conta Strelow “No caso de mães cujos filhos têm alguma deficiência, fazemos “blogagens” coletivas e cada “blogueira” visita a outra, aprende a respeito, divulga entre seus seguidores ou faz campanha (por exemplo, a Angi Simon conseguiu algo bárbaro, como doações de empresas conceituadas para arrecadar fundos para ajudar uma criança com mucoviscidose (ou fibrose cística – doença genética que afeta os aparelhos digestivo e respiratório e as glândulas sudoríparas, comprometendo o funcionamento das glândulas exócrinas que produzem substâncias (muco, suor ou enzimas pancreáticas) mais espessas e de difícil eliminação). Nós nos unimos”. 
Embora seja uma ferramenta poderosa, é necessário tomar cuidado com a internet, conforme adverte o psicólogo Mauricio Figueiredo: “Em muitos casos estes recursos (blogs e redes sociais) servem de apoio e reduzem a ansiedade, no entanto existe o risco de a pessoa desenvolver um processo de dependência destas ferramentas como única fonte de informação, o que pode, às vezes, trazer transtornos e se tornar uma patologia (vício), fazendo com que se chegue a quadros obsessivos e nestes casos, é necessário acompanhamento psiquiátrico e psicológico”.
 É indiscutível que a “blogosfera materna” mostra-se um nicho cada vez mais atrativo, não só para mamães e papais, mas também para empresas voltadas para este seguimento. Quem possuir interesse em criar um blog, pode fazê-lo utilizando portais gratuitos autoexplicativos, na internet. Além dos tipos de blogs já citados, há portais para compras (roupas, brinquedos), blogs e sites de brechós infantis, empréstimo de brinquedos, além de testes de produtos e muito mais.   “Pelo menos duas vezes por semana, alguém me manda mensagens via Facebook dizendo que viu o vídeo do Theo, no blog, e identificou autismo no filho, no sobrinho, no filho da babá, no filho da amiga. Isso tudo não tem preço. Há pouco tempo, encaminhei uma bebê de nove meses ao neuro do meu filho, porque a mãe me procurou via blog. Provavelmente, é a criança com sintomas de autismo mais nova a ser tratada no país”, conta Andréa.
  Mas quem pensa que blog sobre maternidade é exclusividade de mãe está enganado. Há blogs escritos por pais que também querem participar e expor o lado paterno em relação à família. Um exemplo é o blog “Enfim Grávidos”, do publicitário e membro do grupo de aleitamento materno Gabriel Moraes, que começou a escrever com o objetivo de compartilhar a gravidez da esposa com familiares que residem em outros Estados. “Inicialmente, comecei a escrever para a família, mas a coisa foi tomando uma proporção maior e meu blog, hoje, está virando um livro”, diz.

9 comentários:

  1. E ai Pri! Meu, quantas fontes você usou? Muito legal sua matéria!

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  2. Parabéns! Muito bem escrito, claro e informativo.

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  3. Que orgulho!!Parabéns Pri, que este seja apenas o primeiro passo de muito sucesso que está por vir. Ótimo trabalho, parabéns!!!!!

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  4. Muito boa essa matéria,eu criei o meu blog faz pouco tempo,mas estou adorando fazer parte dessa Blogosfera Materna.
    #amigacomenta

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  5. adorei!!!!
    parabéns
    beijos
    #amigacomenta

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  6. Hun, muito bom texto, acho esclarecedor e de muito bom gosto, e reunir mulher, mãe, filhos da sempre um bom assunto e abordado desta maneira, ficou massa!!
    Parabéns e dali mundo internalta : )

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  7. Viva a nossa vida materna, amei saber que estamos crescendo!!!
    #amigacomenta

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  8. Adorei a matéria!!Eu comecei nessa de blogar para espantar a solidão, me sentia muito sozinha com um bebê o dia todo, daí fiz amigas e hoje não consigo passar sem ler ou escrever.
    Bjão!
    #amigacomenta

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  9. Parabéns, Priscila! Que essa seja a primeira de muitas que virão...
    A matéria ficou ótima, com informações e pontuações esclarecedoras sobre o tema abordado.
    Sucesso!!! Bjs

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